5 Filmes Brasileiros que você precisa ver.

Olá! Meu nome é Lucia e, à convite da Isabella, vou dar umas dicas de filmes aqui no blog Andanças e Devaneios. Não sou cineasta nem crítica de cinema, sou apenas uma produtora cultural apaixonada pela sétima arte querendo compartilhar com outras pessoas as minhas boas experiências cinéfilas.

O cinema nacional é muito rico. Infelizmente, a maior parte das nossas novas produções – principalmente as de pequenas produtoras – não são tão valorizadas pelo público, pelo grande circuito comercial de exibição e pela mídia. Eu mesma fui uma adolescente rebelde sem causa que já afirmou a terrível sentença: “filme brasileiro não presta”. Hoje, aos 22 anos, digo com toda certeza que o que não presta mesmo é a falta de interesse das pessoas pelo nosso cinema. Não vale falar mal do cinema nacional quando se tem como referência apenas as comédias cheias de globais – não que sejam todas ruins, claro – que conseguem espaço nas grandes redes exibidoras (alô, cota de telas!). Busquem conhecer melhor a nossa grande cartela de produções, não irão se arrepender! Sendo assim, aqui estão 5 dicas de filmes nacionais produzidos nos últimos 10 anos e que não são tão conhecidos como deveriam:

Estômago (2007) – Direção: Marcos Jorge.

Pôster_Estômago“- É bom mesmo, essa porra…como chama?

– Car-bo-na-ra.

 – Olha, esse Cabo Nara merecia ser no mínimo tenente”.

Sinopse: Raimundo Nonato (João Miguel) foi para a cidade grande na esperança de ter uma vida melhor. Contratado como faxineiro em um bar, logo ele descobre que possui um talento nato para a cozinha. Com suas coxinhas Raimundo transforma o bar num sucesso. Giovanni (Carlo Briani), o dono de um conhecido restaurante italiano da região, o contrata como assistente de cozinheiro. A cozinha italiana é uma grande descoberta para Raimundo, que passa também a ter uma casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor: a prostituta Iria (Fabiula Nascimento).

O filme é engraçado e dramático na medida certa. O personagem principal, Nonato, é tão bem construído que é quase impossível não se apegar ao seu jeitinho carismático de rapaz do interior perdido na cidade grande. Como a sinopse indica, a relação de Nonato com a culinária é o grande marco do filme. Ah, inclusive, é bom dizer: não vejam o filme de barriga vazia ou vão querer parar no meio pra comer algo! O amor do nordestino pela comida só não é maior que o que sente por Iria, uma prostituta que conhece enquanto serve suas saborosas coxinhas no bar e que também é uma personagem marcante da obra. Da parte técnica, destaco o fato de o filme seguir uma narrativa não linear, nos levando a diferentes momentos para a construção de sua história.

 Entre Nós (2013) – Direção: Paulo Morelli.

21046566_20131003195028022“Não sei o que é pior, não realizar nenhum sonho ou realizar todos”.

Sinopse: Isolados numa casa de campo, jovens amigos decidem escrever e enterrar cartas destinadas a eles mesmos, para serem abertas dez anos depois. Porém, após uma tragédia ocorrida naquele mesmo dia, os amigos ficam dez anos sem se ver. Agora, este reencontro irá trazer à tona antigas paixões, novas frustrações e um segredo mal enterrado.

No momento inicial da trama, jovens amigos em seus 20 e tantos anos, reunidos em uma casa de campo, são retratados como todos nós nos sentimos nessa fase da vida: livres, sonhadores, inspirados, mas ao mesmo tempo cheios de inseguranças em relação ao futuro. Isso fica evidente quando vão escrever as cartas para si mesmos, que deverão ser lidas apenas dez depois.  Já em outro momento da narrativa, ao passar esse tempo estabelecido, se reúnem novamente na mesma casa para abrir as aspirantes cartas e superar, enfim, o terrível acidente ocorrido naquele dia. O que mais me marcou nesse filme foi a identificação que tive com os personagens – seus sonhos, medos, expectativas -, assim como enxerguei naquele ciclo de amigos as minhas próprias amizades. Foi tão humanizado e natural o desenvolver das relações dos personagens, mostrando como tudo é muito frágil e que, mesmo com o passar dos anos e o ganho de experiência de vida, continua sendo muito complicado lidar com nossos sentimentos. Enfim, é um filme que mexe muito comigo por trazer de forma emocionante e realista o amor e a amizade, as decepções e as surpresas, a felicidade e a tristeza, o reencontro e a saudade.

Uma história de amor e fúria (2012) – Direção: Luiz Bolognesi.

AF_cartao postal_Rio+20.indd“Meus heróis nunca viraram estátua, morreram lutando contra quem virou”

Sinopse: Animação que retrata o amor entre um herói imortal e Janaína, a mulher por quem é apaixonado há 600 anos. Como pano de fundo do romance, o longa ressalta quatro fases da história do Brasil: a colonização, a escravidão, o Regime Militar e o futuro, em 2096, quando haverá guerra pela água.

Esse filme foi uma surpresa. Animação crítica, com personagens marcantes e um roteiro muito bem elaborado. A temática histórica, misturada com romance, magia e ficção científica, dá essa cara inovadora a um filme que pode ser considerado atemporal. Mostra como, infelizmente, estamos fadados a repetir erros históricos e que o Brasil parece estar preso aos seus maiores problemas, enraizados em nossa sociedade. É o tipo de filme que acaba e você quer ver mais, quer que a narrativa continue se desenrolando e surpreendendo o espectador. Que façam cada vez mais animações assim!

Batismo de Sangue (2006) – Direção: Helvecio Ratton.

20005200“- Professor Menezes, como é que nós vamos conscientizar o povo?

–  Pela ação, tudo nasce da ação.”

Sinopse: São Paulo, fim dos anos 60. O convento dos frades dominicanos torna-se uma trincheira de resistência à ditadura militar que governa o Brasil. Movidos por ideais cristãos, os freis Tito (Caio Blat), Betto (Daniel de Oliveira), Oswaldo (Ângelo Antônio), Fernando (Léo Quintão) e Ivo (Odilon Esteves) passam a apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella (Marku Ribas). Eles logo passam a ser vigiados pela polícia e posteriormente são presos, passando por terríveis torturas.

Basta estudar a história do nosso país para saber que a ditadura militar foi um período tenebroso, o qual não podemos esquecer para não se repetir. Quando vejo pessoas em manifestações anti-governo pedindo “intervenção militar”, penso que elas não compreendem realmente o que isso significa. Falo dessas pessoas separadamente, pois há quem entende muito bem o que foi esse período e, justamente por isso, o defende (indireta pro Bolsonazi: sim). Defender um período onde pessoas eram torturadas e mortas – homens, mulheres e crianças – por suas ideologias é defender o fascismo, é ser entregue à ignorância. O filme, que gira em torno dos freis que apoiavam os guerrilheiros e demais perseguidos pelos militares, é muito bem feito e fiel à realidade daquela época, sendo assim triste e bem doloroso de assistir.

Casa Grande (2014) – Direção: Fellipe Gamarano Barbosa.

116336“- Tá acabando tudo nessa casa.

– Principalmente os valores”

Sinopse: Jean (Thales Cavalcanti) é um adolescente rico que luta para escapar da superproteção dos pais, secretamente falidos. Enquanto a casa cai, os empregados têm que enfrentar suas inevitáveis demissões, e Jean tem que confrontar as contradições da casa grande.

 Novamente, a identificação pessoal com a temática do filme fez ele ser marcante pra mim. Poderia substituir o mesmo pelo ótimo “Que horas ela volta?”, mas, como o objetivo é falar de filmes nacionais não tão conhecidos, preferi o “Casa Grande”. Fui criada em uma família de classe média alta como a retratada no filme. Morei, literalmente, em uma casa grande por praticamente toda a vida. Condomínio bom, escola particular, empregadas domésticas. Justamente por isso, assim como a família de Jean, a minha também é marcada pelo elitismo, pelo preconceito, pela hipocrisia. O filme evidencia bem como é a chamada “família tradicional brasileira”, a nossa burguesia que só tem olhos para o próprio umbigo, trazendo discussões importantes e atuais para a nossa sociedade. Vale os 114 minutos de boas atuações e reflexões relevantes.

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