O Segredo de Brokeback Mountain: o livro e o filme.

Conheci a história dos dois cowboys do Oeste dos Estados Unidos pouco antes da morte de um de seus protagonistas, Heath Ledger. A história me impactou bastante e O Segredo de Brokeback Mountain se tornou um dos filmes que guardei na gaveta da memória intitulada Filmes Incríveis. Dez anos se passaram e somente agora, eu descobri que aquele filme foi baseado em uma obra literária. Annie Proulx já tinha o prêmio Pulitzer de ficção quando lançou O Segredo de Brokeback Mountain na coletânea de contos Close Range.

 A história de Jack Twist e Ennis Del Mar começa na montanha Brokeback, quando os dois são contratados para tomar conta de um rebanho de mil ovelhas durante o inverno. Dali se inicia uma complicada, mas pé no chão, história de amor que perdura por quase vinte anos entre 1963 a 1981.

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O fato dessa história ser baseada em um conto – quase uma novela – me impressionou muito. Resumir os vinte anos de relacionamento em pouco menos de cem páginas de um livro de 19,5×13 cm me parecia uma tarefa impossível, mas, abrindo mão de grandes explorações sobre os outros personagens e usando artifícios como lembranças para descrever passagens de tempo nas quais os dois ficaram separados, Proulx conseguiu uma obra incrível e fiel às personalidades dos seus protagonistas. Estas conseguiram se mostrar bem explicitamente mesmo com as poucas páginas e o largo passar do tempo.

Em geral, foi um conto que gostei bastante. A escrita de Annie Proulx é bem direta, a ideia do conto é muito original e necessária para debate e inserção nas nossas vidas e o processo de leitura é muito tranquilo – li em duas viagens de ônibus de meia hora cada. Recomendo muito!

Ficha Técnica:

Título: O Segredo de Brokeback Mountain | Autora: Annie Proulx | Tradução: Adalgisa Campos da Silva | Páginas: 72 | Editora: Intrínseca| ISBN-13: 9788598078083 | ISBN-10: 8598078085 | Ano: 1997 | Adicione ao: SkoobGoodreads

Sobre o filme:

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Como já disse, o filme foi meu primeiro contato com a história da Jack e Ennis. Na época em que assisti, não tinha muita paciência para filmes mais monótonos – porque as chances do interior dos EUA serem parados na década de sessenta não eram pequenas, não é mesmo? Mas com o passar do tempo compreendi que grandes histórias não precisam de velocidade e que o tempo é muito mais relativo do que qualquer um pensa.

Na adaptação cinematográfica de O Segredo de Brokeback Mountain, protagonizada por Jake Gyllenhaal no papel de Jack Twist e Heath Legder, no de Ennid del Mar, ganhamos mais perspectiva sobre a personalidade dos personagens. Ang Lee dirigiu o filme decidido a explorar mais o que aconteceu com Jack no passar dos anos, deixando na mesma proporção em que a vida de Ennis nos é mostrada no conto. Acho que esse foi um dos pontos mais fortes do filme, que desencadeou em outro tão bom quanto: a interpretação dos atores. os protagonistas conseguiram captar a essência dos cowboys tão bem que assusta (principalmente após ler a história de Proulx).

Os antagonistas ganham mais humanidade e importância, incluindo personagens nem citados no conto e que no filme tem poucas falas. Estas, no entanto, são necessárias. Se tem uma coisa que os típicos cowboys não são é ser tagarela. O roteiro se sustenta no essencial, em olhares, na trilha. O conjunto funciona muito bem. O público entende o que a sequência quer passar sem que os atores precisem dizer as exatas palavras da mensagem, sem que haja um pingo de exagero ou conversa fiada. Acho que foi um ótimo recurso para fazer com que a passagem de tempo – dos vinte anos do relacionamento – funcionasse bem, sem ficar cansativa ou ilógica.

Esse filme traz um tema polêmico de maneira incrível, bela e bem feita. Mostra a história de um amor tragicamente incompreendido pela sociedade da época, mas sentido ao extremo pelo casal principal. O Segredo de Brokeback Mountain é um filme sobre diversidade necessário na lista de qualquer amante do cinema e defensor da liberdade de escolha, seja ela qual for.

o-segredo-de-brokeback-mountainFicha Técnica:

Título: O Segredo de Brokeback Mountain | Diretor: Ang Lee | Elenco principal: Jake Gyllenhaal, Heath Ledger, Michelle Williams e Anne Hethaway  | Ano: 2006 | Classificação: 5 estrelas | Adicionar ao: FilmowLetterboxd

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Finalmente, eu vi | Procurando Dory

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Eu me lembro como se fosse ontem o dia em que assisti Procurando Nemo no cinema. Eu tinha nove anos, o cinema perto da minha casa ainda existia e o ingresso eram saudosos quatro reais. Procurando Nemo foi uma grande sensação para os que dividiam a infância comigo em 2003. Imaginem o que Elsa & Anna em Frozen causaram 2014. Nesse nível, mas sem músicas. Por isso, quando a Disney anunciou que teríamos uma continuação para esse clássico da animação, contamos os dias como se fosse a coisa mais incrível que poderia nos acontecer. A mais incrível pode até não ter sido, mas definitivamente entra nos melhores dez momentos, não acha? 😉

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Em Procurando Dory, nós voltamos ao recife em que Marlin, Nemo e Dory começaram a sua jornada para saber como está essa família um ano após o resgate do peixinho com a nadadeira da sorte. Tudo parece estar bem até que Dory começa a se lembrar de sua família e decide que precisa encontrá-los. Os três embarcam numa nova viagem para o outro ldo do oceano em busca do passado e da origem de Dory. A partir do momento em que descobrem de onde Dory veio, nós conhecemos novos personagens que ajudarão a turma a reencontrar sua família.

Assistir ao filme é uma ambiguidade: ao mesmo tempo em que você está mergulhada num clima nostálgico em que você é uma criança de novo, você está assistindo a uma nova aventura que mesmo com personagens já conhecidos nos apresentam a uma história completamente diferente. Na época em que o primeiro filme foi lançado, muitos o consideraram como a animação mais bonita da Pixar (e permaneceu com o posto por bastante tempo). Procurando Dory sustenta o legado e se prova uma animação de alt qualidade, com as melhorias que as tecnologias acarretaram durante os anos que separam as histórias sem perder a identidade do desenho.

A trama arranca risadas, suspiros (especialmente com o show de fofura que a Dory bebê dá a plateia) e, se você se deixar levar (é claro que vai), até lágrimas. O enredo não tem nada de genial (como Divertidamente) ou super original, já abusa de tramas bem conhecidas no cinema de Hollywood. Entretanto, Procurando Dory soube usar as táticas clichês e transformar-se em um filme bonito, encantador e viciante.

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A maior sacada dos criadores da história foi, para mim, a maior interação com as pessoas. O destino que a jornada de Dory, Marlin e Nemo tem os deixa mais próximos aos seres humanos de uma forma que não foi explorada no primeiro filme. Além disso, outro ponto que preciso destacar é sobre a dublagem. Com exceção de Nemo, as vozes do original foram mantidas e isso levou a nostalgia a níveis estratosféricos. Ainda preciso assistir o filme em inglês para ouvir a dublagem da Ellen Degeneres que mais uma vez deu voz a Dory.

Sobre os personagens antagonistas, muito se falou de Geraldo, o leão marinho aparentemente boboca. Sim, ele arranca boas risadas, mas não achei grande coisa. Preferi o companheirismo de Hank, o polvo determinado a ir a Cleveland, e a amizade e  ajuda de Destiny, a tubarão-baleia quase cega. Alguns antagonistas do filme passado dão as caras para nós matarmos as saudades, mas deixo como surpresa quais deles caso você ainda não tenha visto o filme.

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Procurando Dory é um filme para aquecer os corações de pedra dos adultos estressados que hoje são aquelas crianças que sofreram com Marlin para achar Nemo e continuaram a nadar com a Dory falando baleiês. Não vejo nessa continuação um filme que marcará a nova geração como Frozen, mas nem de longe não seria uma fonte de diversão tão boa quanto. Afinal… “Oi, pois não?”

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Ficha Técnica:

Título: Procurando Dory | Diretor: Andrew Stanton | Elenco principal: Ellen Degeneres, Diane Keaton, Ed O’Neill e Eugene Levy  | Ano: 2016 | Classificação: 5 estrelas | Adicionar ao: FilmowLetterboxd

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